segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Despedida

Nossa equipe de reportagem trabalhou muito, dormiu pouco, ou às vezes não dormia, mas confesso: nunca trabalhamos tão felizes. Difícil definir uma explicação. Não sei se é a magia do lugar, ou a energia e o calor humano dos brasileiros que não param de sorrir mesmo enfrentando uma temperatura de 15 graus negativos.

Durante dia a nossa missão era conversar com o maior número de pessoas possível, ou explorar os arredores da estação. À noite era hora de conferir todo o material produzido editar pelo menos duas reportagens curtas, e enviar pela internet para a TV Diário. Esse era o momento também de dedilhar no computador toda a experiência vivida para os leitores do O DIÁRIO. Em todas as madrugadas nossa equipe de reportagem via o sol amanhecer na janela. Isso acontecia sempre por volta das 3 horas da manhã. Aliás as noites são muito curtas aqui. Nesta época do ano o céu começa a ficar escuro por volta das 22:00hs.

As madrugadas de trabalho me lembram um episódio engraçado: Na segunda noite na Estação Comandante Ferraz por volta das 4 horas da manhã, ainda faltava editar uma reportagem e pintou uma baita fome. O repórter-cinematográfico Wilson Montanha teve a idéia de estourar pipoca no micro-ondas da cozinha. Eu continuei escrevendo meus textos na biblioteca quando de repente um alarme de incêndio ensurdecedor acordou a brigada de combate ao fogo, nos corredores da estação começou um corre corre. Era gente de pijama, cueca com estampa de oncinha, camisa vestida pelo avesso, todo mundo procurando a fonte do alarme. Descobriu-se que o incendiário atendia pelo nome de Montanha que abriu o saco de pipoca quente bem embaixo de um sensor de fumaça. Mas ao contrário de uma bronca todos aqui riram e voltaram para os camarotes como se nada tivesse acontecido.

Depois de 5 dias inesquecíveis chegou a hora de um momento difícil: o da partida. Difícil porque o que ficam para trás não são somente as belas paisagens, ou as surpresas que você encontra sem querer na praia. O que fica para trás é uma grande família que faz questão de mostrar como todos são felizes e tem o prazer de estar aqui. Gente batalhadora que deixa qualquer um orgulhoso de ser brasileiro. A melhor lição que tiro da Antártida, é que realmente aqui não é o fim do mundo, e sim o início de tudo.

As Pesquisas

O principal motivo da participação brasileira na Antártida são as pesquisas. Aqui conhecemos Roberto Chagas, cientista do INPE, Instituto Nacional de Pesquisas Nacionais. Ele trabalha na Estação há mais de 20 anos monitorando todos os dias o tamanho do buraco na camada de ozônio que protege o planeta.

No outro laboratório-conteiner, encontramos mais 3 cientistas concentrados em seus microscópios. São pesquisadores do projeto “Evolução e Biodiversidade na Antártica”, realizado em parceria com a PUC Paranaense, Universidade de Taubaté no Vale do Paraíba e Universidade Federal do Paraná. O objetivo é monitorar o desenvolvimento dos peixes da região antártica e avaliar os impactos do aquecimento global neste animais. Um trabalho que ainda está só no começo e não tem previsão para acabar.

Se tudo der certo, está prevista para dezembro a saída da primeira Expedição 100% brasileira rumo ao pólo sul do planeta. Um trabalho pioneiro que será comandado pelo glaciologista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Jefferson Simões.

A Estação Comandante Ferraz

A Estação Brasileira Comandante Ferraz é civil, mas é gerenciada pela Marinha. O chefe do “grupo base” composto por 15 pessoas é o capitão de fragata Carlos Alberto Macedo Júnior. Um cara tão gente fina que faz com que todos se sintam em casa. Ainda bem, por que não é nada fácil passar a temporada de um ano longe do país natal, e da família. Aqui existe uma hierarquia sim, mas todo mundo pega no pesado. Por isso é comum encontrar o comandante Macedo Júnior fazendo serviço de faxina, ou lavando os pratos. Por falar em cozinha, foi aqui que encontrei com um dos melhores cozinheiros que já conheci. O carioca Luis Carlos é um talento na culinária e na simpatia. Nos recebeu com uma bela feijoada, no outro dia, filé ao molho madeira. Ele ainda encontra tempo para passear por toda a estação para oferecer chocolate quente, e o já famoso capuccino do amor.

O atual grupo base da Marinha Brasileira em Comandante Ferraz é uma equipe com 14 homens e apenas uma mulher. A médica da estação Valeska Ramos. Só tem um detalhe: ela é médica ginecologista nesse universo masculino! Mas a doutora Valeska explica que o voluntário de saúde que participa do programa antártico passa por um intenso treinamento de 9 meses antes de encarar o continente gelado. Nesse período ele aprimora noções de clínica geral, e até de odontologia. Desde março quando chegou na Antártida, o caso mais complicado que ela atendeu foi de um pesquisador que teve princípio de infarto. O cientista foi encaminhado para Punta Arenas no Chile, e hoje passa bem. Mas não volta mais para a estação brasileira.

A Antártida dos Brasileiros

Não consigo imaginar uma experiência tão fantástica quanto conhecer a Antártica. Talvez caminhar na lua, ou dar uma volta em órbita na Terra como fez Marcos Pontes seja mais interessante, mas enquanto isso ainda não é possível para a imprensa, pisar na neve milenar e dar de cara com a fauna local é insuperável. E foi exatamente isso que eu e o repórter-cinematográfico Wilson Montanha mais fizemos todos os dias... Caminhamos muito!

Além da paisagem magnífica da Baía do Almirantado, o que mais chamou atenção nas nossas andanças foi a quantidade de ossadas de baleias espalhadas por todo o litoral da Ilha Rei George, onde está localizada a Estação Brasileira Comandante Ferraz. Os animais não chegaram até aqui para morrer, na verdade foram assassinadas pelo homem no início do século passado. Naquela época o óleo de baleia era utilizado como fonte de energia para lamparinas e iluminação pública. Muito tempo depois, quando o estrago já tinha sido feito que a caça às baleias foi proibida. Na década de 80, o famoso oceanógrafo francês Jacques Cousteau também ficou chocado com o cenário do cemitério de baleias. Ele então resolveu juntar os ossos mais preservados, e montou um esqueleto completo com partes de vários animais. Hoje virou uma espécie de memorial e ponto de passagem obrigatória para quem visita a Antártida.

No Brasil em várias reportagens do Diário Ecologia, registramos o aparecimento de muitos pingüins no litoral de São Paulo que se perderam em alto mar. Uma cena triste, por que a maioria destes animais morre ou não consegue voltar para casa. Mas na Antártica encontrar com esses bichos com roupa de gala, e desajeitados como sempre, é uma alegria. Eles nem se incomodam com a nossa presença, e devem imaginar que também fazemos parte da mesma festa. Por isso os fotógrafos e cinegrafistas deitam e rolam como focas para fazer a melhor imagem. Sair para uma caminhada, e dizer que não viu nenhum pingüim aqui com certeza é mentira. Eles aparecem toda hora e em qualquer lugar da praia. Nos meus primeiros cinco minutos aqui na estação eu já tinha visto pelo menos dois.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O quarto e quinto dia...

O sol foi generoso na manhã seguinte, nem parecia que na noite anterior a Antártica era o retrato do inferno branco. No caminho para o café da manhã um movimento na praia em frente à base chilena chamou a atenção dos fotógrafos e cinegrafistas. Era o filhote de uma foca de weddell que estava perdida, mesmo assim parecia fazer pose para as câmeras. A emoção de ver um animal tranqüilo em seu habitat natural contagiou a todos. Até esquecemos que o café da manhã deveria ser rápido, pois o Navio Oceanográfico Ary Rongel já estava a nossa espera para uma viagem rumo a Baía do Almirantado, onde está a estação brasileira.

O transporte dos passageiros da estação chilena até o navio brasileiro que se deslocava na baía de Maxwell foi feito de helicóptero numa operação delicada e perigosa por que não é nada fácil pousar numa embarcação em movimento.

Foi no Ary Rongel que nossa equipe passou a segunda noite no continente gelado. Não é legal citar nomes, mas alguns colegas de imprensa já marearam nos primeiros minutos a bordo. Se foi assim num mar calmo, imagine então quando nós enfrentarmos na volta para casa a temida Passagem de Drake. O trecho de mar que liga os oceanos Atlântico e Pacífico considerado o mais agitado e perigoso do mundo para a navegação.

O QUINTO DIA

Chegamos na Baía do Almirantado onde está localizada a Estação Brasileira Comandante Ferraz durante a madrugada. Todos nós estávamos tão cansados que nem sentimos o balanço do mar. A ordem do comandante era de todos da imprensa organizarem as bagagens para o desembarque. Tarefa complicada para mim e para o repórter-cinematográfico Wilson Montanha que estávamos com 9 malas com pertences pessoais e equipamentos de tv dentro de um navio repleto de escadarias com subidas e descidas. Era tanta mala que fomos os últimos a desembarcar.

A estação brasileira Comandante Ferraz foi inaugurada em 6 de fevereiro de 1984. Começou com 8 módulos, na verdade contêineres adaptados com isolante térmico, mas pouco espaço para as atividades científicas. Hoje são 63 módulos bem distribuídos com alojamentos para mais de 60 pessoas, cozinha, biblioteca, academia de ginástica, sala de cinema, lavanderia, e restaurante.

O Brasil está presente no fim do mundo por que desde 1975 faz parte do Tratado da Antártica e pode se estabelecer no continente gelado somente para experiências científicas. A estação é civil, mas é gerenciada pela Marinha Brasileira que faz questão de não deixar o Comandante Ferraz com cara de quartel. Por isso ninguém chama o local de “base”, e sim de “estação”. Os militares não usam uniforme e convivem em grande harmonia com todos os civis. Por isso fica até difícil identificar quem é da Marinha e quem é pesquisador. A ordem principal aqui é viver feliz e sempre. Eu diria que essa é a melhor forma de amenizar a saudade de casa, da família, dos filhos. Quem se candidata a passar uma temporada na Antártida sabe que vai passar pelo menos 9 meses longe do Brasil.

Outra curiosidade da estação é a facilidade da comunicação para o país. Há pouco tempo uma operadora de celular instalou antenas especiais, e para ligar para a Antártica, basta colocar o código 21 antes do número, ou seja, o código telefônico do Rio de Janeiro. Os cariocas que ligam para cá são sortudos. Pagam ligação local, e precisam apenas digitar o número do telefone.

O Dia D

O terceiro dia em Punta Arenas foi marcado pela expectativa de todos os envolvidos na expedição. O primeiro dos dois vôos programados para a Antártica não estava confirmado. O problema era o mau tempo que não dava trégua ao continente gelado. Sem uma melhora, era impossível fazer um vôo com segurança.

A saída do hotel estava marcada para as 11:00 hs. Mas o piloto ligou do aeroporto avisando que não havia condição de partir. O próximo boletim saiu às 11:30 hs, e nada se confirmou. Continuamos todos esperando, 12:00 hs, 12:30 hs... Com o Presidente Lula foi pior, em fevereiro deste ano ele esperou dois dias em Punta Arenas sem garantias de que ia decolar.

E foi durante essa incerteza que no saguão do hotel conhecemos uma senhora de 84 anos de idade. Guarde bem esse nome: Alice Klaus, ou “tia Alice” como é chamada por todos da Marinha Brasileira. Vamos contar a história dela mais tarde.

O sinal verde do piloto da Força Aérea saiu às 13:00hs, foi o início de uma verdadeira corrida do hotel até o aeroporto, uma distância de 28 quilômetros. A comitiva lotou um ônibus com 60 passageiros, na chegada recebemos da Marinha Brasileira as andainas de sobrevivência na Antártida, na verdade são bolsas com casacos pesados para enfrentar a neve, botas e óculos especiais, tudo o que é necessário para ficar seguro numa temperatura que pode chegar aos 20 graus negativos, bem embaixo do buraco da camada de ozônio. Mas é bom deixar claro: todo esse material é só um empréstimo, no final da operação precisa ser devolvido, ou a equipe corre o risco de pagar até R$ 800,00 que é o valor de um casaco para neve por exemplo.

Na pista do aeroporto, o avião Hércules C-130 da FAB já estava carregado a espera dos passageiros, o embarque foi rápido, e o pagamento da taxa aeroportuária foi ali mesmo do lado da aeronave, e minutos depois já estávamos a caminho do sul.

E a tia Alice, lembra dela? Pois é, ela é a comissária de bordo oficial do PROANTAR, Programa Antártico Brasileiro, a mais antiga na profissão ainda ativa no Brasil, e talvez no mundo. Já fez mais de 100 vôos até a Antártica, todos representados com broches que ela prende na touca de frio. Tia Alice não quer nem saber em parar, é ela quem decide o que vai ser servido para a tripulação e os passageiros durante o vôo. E acredite: o lanche de bordo que ela prepara é melhor do que qualquer vôo comercial do Brasil deu até vontade de repetir a esfiha, e o sanduíche com requeijão, mas era só um para cada...

Voar num avião Hercules é uma experiência interessante. Não tem requinte nenhum de uma aeronave comercial. No interior você pode observar toda a estrutura metálica do avião, e os passageiros viajam todos um de frente para o outro, e bem perto da carga que pode ser de alimento, até peças sobressalentes de helicóptero. Apesar do ronco do motor, pode se dizer que há um certo conforto, por que você pode esticar as pernas, ao contrário de um vôo convencional que você fica espremido. Nossa equipe teve a oportunidade de visitar a cabine e conversar com o piloto da Força Aérea, Major Carlos Alberto, que já participou de mais de 25 missões na Antártica. Eu estava cochilando quando o avião pousou na pista da Base Chilena Eduardo Frei, uma aterrissagem tão suave que só despertei com o aplauso dos passageiros.

INFERNO BRANCO

Mas a realidade do solo antártico apareceu quando a porta da aeronave foi aberta. Foi nessa hora que descobri que o piloto fez um pouso perfeito embaixo de uma tempestade de neve. Não era possível enxergar nada a 50 metros de distância, e o barulho do vento gelado era ensurdecedor.

Pela programação original, após o desembarque na base chilena, todos iriam ser transferidos para o Navio Oceanográfico de Pesquisa Ary Rongel, de bandeira brasileira. Mas por causa da nevasca que não dava trégua, ficamos alojados na estação. Foi aqui a nossa primeira noite na Antártica.

A Base Chilena Presidente Eduardo Frei é comandada por militares, mas pesquisas científicas também são realizadas neste local. O alojamento com capacidade para mais de 80 pessoas também serve como hotel, os quartos são bastante simples, 3 metros de comprimento e 2 de largura, duas camas de solteiro, e o banheiro é coletivo. Se você quiser se hospedar ali, só precisa pagar uma diária de US$ 630,00. Mas não é garantia que a Força Aérea Chilena que administra a estação autorize tão fácil a entrada de turistas.

Outro problema é o refeitório que fica a quase um quilômetro e meio e distância do alojamento. Tudo bem, uma boa caminhada faz bem à saúde, mas não embaixo de uma tempestade de neve. Só conseguimos jantar nesse dia, por que um “snowmobile”, um carro com esteiras adaptadas no lugar das rodas como um tanque de guerra, serviu para o nosso transporte.

Um grande problema da estação é o sistema de comunicação. O que melhor funciona é o rádio. Telefone nem sempre, e internet é ficção científica. Por isso ficamos sem mandar notícias por 3 dias.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O segundo dia...

Olá amigos da TV Diário!

Fiquei sem dar notícias no blog por problemas de comunicação. Essa história que também é interessante eu conto a partir do ponto em que paramos. Então vamos ao segundo dia da aventura!

PUNTA ARENAS

Punta Arenas nos recebeu com sol forte, mas com temperatura que não passava dos 12 graus, e olha que isso é quase calor para quem mora aqui.

O simpático município com 113 mil habitantes e tranqüilidade que lembra Guararema é considerado ponto estratégico por que está situado no extremo sul do Chile, o que encurta a distância até o continente gelado. É daqui que irá partir o avião da Força Aérea Brasileira levando os militares, pesquisadores, convidados como nós e toda a carga de suprimentos para as pessoas que já se encontram desde o início do ano na estação brasileira Comandante Ferraz.

Este foi um dia livre para todos, e aproveitamos para conhecer um pouco mais da cidade. Turista em Punta Arenas passa fome se quiser, a alimentação aqui é muito barata inclusive nos restaurantes mais requintados. Enquanto os estabelecimentos especializados de São Paulo cobram em média de R$ 35,00 a R$ 70,00 por um belo peixe assado, nós aqui pagamos o equivalente a R$ 12,00 pelo mesmo prato, não é a toa que até repetimos o restaurante no jantar.

O município de Punta Arenas viveu uma época de ouro entre o final do século 19, e início do século 20 por causa da indústria de lã. As mansões, e as grandiosas construções marcam bem este período. Antes do Canal do Panamá ser aberto na América Central em 1914, o Estreito de Magalhães era o principal ponto de ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico.

Hoje a economia gira em torno da criação de ovinos, da pesca, e da extração do carvão. Aqui também fica um dos principais portos do país, onde testemunhamos o pôr do sol mais bonito até agora. E você vai conferir a imagem na reportagem especial que estamos produzindo para a TV Diário.

Neste dia também conhecemos o pessoal da Marinha Brasileira que cuida de toda a logística da operação na Antártida. A tenente Haynnee Trad Souza é a encarregada de assessorar a imprensa e logo de cara nos perguntou se a nossa equipe visitou a chamada “Praça do Índio”. Como nem passamos perto, ela tratou de nos enviar correndo para lá. A explicação é a seguinte: a tal praça se chama na verdade Plaza Benjamin Munhoz Gamero. A principal atração aqui é um monumento em homenagem a Fernão de Magalhães, mas o turista que visita o ponto não quer saber do navegador espanhol não. Diz a tradição que quem visita Punta Arenas, precisa tocar o pé do índio, uma estátua de um indígena que também faz parte do monumento. Esse gesto garante um futuro retorno a Punta Arenas. Deve ser por isso que o coitado do pé está até gasto com tanta gente tocando. É claro que eu e meu colega, o repórter-cinematográfico Wilson Montanha cumprimos o ritual da coçadinha no pé do índio e já esperamos pela volta! Foi na praça que também resolvemos gravar o boletim para o Diário TV 2ª. Edição, e voltamos correndo para o hotel por que tínhamos que gerar o material a tempo para o telejornal em Mogi das Cruzes. A salinha de internet virou uma mini-redação. Vida de correspondente realmente não é moleza, mesmo num lugar fascinante.

A expectativa de todos é cada vez maior para o embarque no dia seguinte para o continente antártico, o que preocupa os coordenadores da operação é se as condições do clima lá vão permitir a aterrissagem do avião. Mas essa é uma outra história cheia de reviravoltas a ser contada.


quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Primeiros sinais de fumaça...

Olá amigos da TV Diário!

Falamos direto dos confins da América do Sul! Mas chegar até aqui não foi tão simples!

Tudo começou assim...


Ficou combinado com os coordenadores do PROANTAR, Programa Antártico Brasileiro que a nossa equipe encontrasse com o pessoal da Marinha brasileira em Punta Arenas nos Chile, município que fica no extremo da América do Sul, por isso é um local estratégico para quem vai a Antártica.

O PRIMEIRO DIA

Para chegar até Punta Arenas é preciso pegar um vôo com conexão em Santiago, capital do país. Aproveitamos a parada de quase duas horas para testar nosso equipamento, e não é que funcionou perfeitamente? Em pleno saguão do aeroporto, o Montanha aproveitou para mandar para Mogi das Cruzes, as imagens que ele gravou da Cordilheira dos Andes durante o vôo. O material foi ao ar no Diário TV 2ª. Edição do mesmo dia.


O AEROPORTO FANTASMA

É claro que para nossa viagem ficar emocionante e inusitada, nem tudo poderia ser perfeito...


Chegamos a Punta Arenas às 18:00 horas e sem atraso. As nossas malas estavam demorando para sair da esteira do desembarque, e aos poucos fui percebendo que a agitação de passageiros estava cada vez diminuindo...


Em questão de minutos o aeroporto estava num silêncio perturbador. Mais estranho ainda é sair pelo portão principal e constatar que não havia mais nenhum táxi! Olhava para os balcões de check-ins e ninguém! As lojas de souvenires, farmácias, restaurantes todos fechados. O saguão fazia até eco.
Pus a mão na cabeça e pensei: caramba, e agora, como vamos sair desse fim de mundo? O aeroporto fica a quase 30 quilômetros do centro de Punta Arenas, e o abandono dava medo até em assombração.

Foi quando apareceu um cidadão que toma conta do caixa de pagamento do estacionamento. Expliquei para ele a situação, e muito solícito, o chileno nos deu uma lista com dez números de taxistas locais. Juro que liguei para todos, e nenhum atendia a ligação. Além disso, o telefone público que funciona apenas com moedas “engoliu” todas que eu tinha disponível.

Eis que surge Carolina! Uma faxineira que acabara o serviço no reservado feminino. O funcionário do estacionamento perguntou se ela conhecia algum taxista, e foi questão de segundos para a senhora sacar o celular do bolso e ligar para o amigo dela!

15 minutos depois Roberto Martinez, o taxista no seu possante Chevrolet Astra ano 2003 veio nos salvar do aeroporto fantasma.

Perguntei por que de repente o lugar que parecia estar lotado ficou no completo abandono. Ele me respondeu com uma frase curta: “é por que só temos um vôo por dia”...