segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A Antártida dos Brasileiros

Não consigo imaginar uma experiência tão fantástica quanto conhecer a Antártica. Talvez caminhar na lua, ou dar uma volta em órbita na Terra como fez Marcos Pontes seja mais interessante, mas enquanto isso ainda não é possível para a imprensa, pisar na neve milenar e dar de cara com a fauna local é insuperável. E foi exatamente isso que eu e o repórter-cinematográfico Wilson Montanha mais fizemos todos os dias... Caminhamos muito!

Além da paisagem magnífica da Baía do Almirantado, o que mais chamou atenção nas nossas andanças foi a quantidade de ossadas de baleias espalhadas por todo o litoral da Ilha Rei George, onde está localizada a Estação Brasileira Comandante Ferraz. Os animais não chegaram até aqui para morrer, na verdade foram assassinadas pelo homem no início do século passado. Naquela época o óleo de baleia era utilizado como fonte de energia para lamparinas e iluminação pública. Muito tempo depois, quando o estrago já tinha sido feito que a caça às baleias foi proibida. Na década de 80, o famoso oceanógrafo francês Jacques Cousteau também ficou chocado com o cenário do cemitério de baleias. Ele então resolveu juntar os ossos mais preservados, e montou um esqueleto completo com partes de vários animais. Hoje virou uma espécie de memorial e ponto de passagem obrigatória para quem visita a Antártida.

No Brasil em várias reportagens do Diário Ecologia, registramos o aparecimento de muitos pingüins no litoral de São Paulo que se perderam em alto mar. Uma cena triste, por que a maioria destes animais morre ou não consegue voltar para casa. Mas na Antártica encontrar com esses bichos com roupa de gala, e desajeitados como sempre, é uma alegria. Eles nem se incomodam com a nossa presença, e devem imaginar que também fazemos parte da mesma festa. Por isso os fotógrafos e cinegrafistas deitam e rolam como focas para fazer a melhor imagem. Sair para uma caminhada, e dizer que não viu nenhum pingüim aqui com certeza é mentira. Eles aparecem toda hora e em qualquer lugar da praia. Nos meus primeiros cinco minutos aqui na estação eu já tinha visto pelo menos dois.

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