sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O quarto e quinto dia...

O sol foi generoso na manhã seguinte, nem parecia que na noite anterior a Antártica era o retrato do inferno branco. No caminho para o café da manhã um movimento na praia em frente à base chilena chamou a atenção dos fotógrafos e cinegrafistas. Era o filhote de uma foca de weddell que estava perdida, mesmo assim parecia fazer pose para as câmeras. A emoção de ver um animal tranqüilo em seu habitat natural contagiou a todos. Até esquecemos que o café da manhã deveria ser rápido, pois o Navio Oceanográfico Ary Rongel já estava a nossa espera para uma viagem rumo a Baía do Almirantado, onde está a estação brasileira.

O transporte dos passageiros da estação chilena até o navio brasileiro que se deslocava na baía de Maxwell foi feito de helicóptero numa operação delicada e perigosa por que não é nada fácil pousar numa embarcação em movimento.

Foi no Ary Rongel que nossa equipe passou a segunda noite no continente gelado. Não é legal citar nomes, mas alguns colegas de imprensa já marearam nos primeiros minutos a bordo. Se foi assim num mar calmo, imagine então quando nós enfrentarmos na volta para casa a temida Passagem de Drake. O trecho de mar que liga os oceanos Atlântico e Pacífico considerado o mais agitado e perigoso do mundo para a navegação.

O QUINTO DIA

Chegamos na Baía do Almirantado onde está localizada a Estação Brasileira Comandante Ferraz durante a madrugada. Todos nós estávamos tão cansados que nem sentimos o balanço do mar. A ordem do comandante era de todos da imprensa organizarem as bagagens para o desembarque. Tarefa complicada para mim e para o repórter-cinematográfico Wilson Montanha que estávamos com 9 malas com pertences pessoais e equipamentos de tv dentro de um navio repleto de escadarias com subidas e descidas. Era tanta mala que fomos os últimos a desembarcar.

A estação brasileira Comandante Ferraz foi inaugurada em 6 de fevereiro de 1984. Começou com 8 módulos, na verdade contêineres adaptados com isolante térmico, mas pouco espaço para as atividades científicas. Hoje são 63 módulos bem distribuídos com alojamentos para mais de 60 pessoas, cozinha, biblioteca, academia de ginástica, sala de cinema, lavanderia, e restaurante.

O Brasil está presente no fim do mundo por que desde 1975 faz parte do Tratado da Antártica e pode se estabelecer no continente gelado somente para experiências científicas. A estação é civil, mas é gerenciada pela Marinha Brasileira que faz questão de não deixar o Comandante Ferraz com cara de quartel. Por isso ninguém chama o local de “base”, e sim de “estação”. Os militares não usam uniforme e convivem em grande harmonia com todos os civis. Por isso fica até difícil identificar quem é da Marinha e quem é pesquisador. A ordem principal aqui é viver feliz e sempre. Eu diria que essa é a melhor forma de amenizar a saudade de casa, da família, dos filhos. Quem se candidata a passar uma temporada na Antártida sabe que vai passar pelo menos 9 meses longe do Brasil.

Outra curiosidade da estação é a facilidade da comunicação para o país. Há pouco tempo uma operadora de celular instalou antenas especiais, e para ligar para a Antártica, basta colocar o código 21 antes do número, ou seja, o código telefônico do Rio de Janeiro. Os cariocas que ligam para cá são sortudos. Pagam ligação local, e precisam apenas digitar o número do telefone.

Um comentário:

Anônimo disse...

É ISSO AÍ WILLIAN E MONTANHAAAA!!!! TÁ DEMAIS O BLOG! ESPERAREMOS PARA VER A MATÉRIA COMPLETA!

EDSON MORALES E LUIZ GUSTAVO!!!

16/11/2008